SAIBA
O QUE FAZER COM O LIXO DOMÉSTICO
O
Brasil produz, atualmente, cerca de 228,4 mil toneladas de lixo por dia,
segundo a última pesquisa de saneamento básico consolidada pelo IBGE, em 2000.
O chamado lixo domiciliar equivale a pouco mais da metade desse volume, ou 125
mil toneladas diárias.
Do
total de resíduos descartados em residências e indústrias, apenas 4.300
toneladas, ou aproximadamente 2% do total, são destinadas à coleta seletiva.
Quase 50 mil toneladas de resíduos são despejados todos os dias em lixões a céu
aberto, o que representa um risco à saúde e ao ambiente.
Mudar
esse cenário envolve a redução de padrões sociais de consumo, a reutilização
dos materiais e a reciclagem, conforme a "Regra dos Três Erres"
preconizada pelos ambientalistas.
A
idéia é diminuir o volume de lixo de difícil decomposição, como vidro e plástico,
evitar a poluição do ar e da água, otimizar recursos e aumentar a vida útil dos
aterros.
Tempo de decomposição dos resíduos
Coleta Seletiva
Veja
abaixo quais os tipos de lixo que podem ser reciclados:
DESTINO |
PAPEL |
PLÁSTICO |
VIDROS |
METAIS |
COLETA SELETIVA |
papéis de escritório, papelão, caixas em geral, jornais,
revistas, livros, listas telefônicas, cadernos, papel cartão, cartolinas, embalagens
longa vida, listas telefônicas, livros
|
sacos, CDs, disquetes, embalagens de produtos de limpeza,
PET (como garrafas de refrigerante), canos e tubos, plásticos em geral
(retire antes o excesso de sujeira)
|
garrafas de bebida, frascos em geral, potes de produtos
alimentícios, copos (retire antes o excesso de sujeira)
|
latas de alumínio (refrigerante, cerveja, suco), latas de
produtos alimentícios (óleo, leite em pó, conservas), tampas de garrafa,
embalagens metálicas de congelados, folhas-de-flandres
|
LIXO COMUM |
papel carbono, celofane, papel vegetal, termofax, papéis
encerados ou palstificados, papel higiênico, lenços de papel, guardanapos,
fotografias, fitas ou etiquetas adesivas
|
plásticos termofixos (usados na indústria eletroeletrônica
e na produção de alguns computadores, telefones e eletrodomésticos),
embalagens plásticas metalizadas (como as de salgadinhos)
|
espelhos, cristais, vidros de janelas, vidros de
automóveis, lâmpadas, ampolas de medicamentos, cerâmicas, porcelanas, tubos
de TV e de computadores
|
clipes, grampos, esponjas de aço, tachinhas, pregos e
canos
|
Fonte: Instituto Akatu
Caso
não haja coleta seletiva em seu bairro ou condomínio, procure as cooperativas
de catadores e os Postos de Entrega Voluntária (PEVs).
O
Grupo Pão de Açúcar também possui pontos de coleta nos supermercados em todo o
país. A iniciativa está sendo ampliada para outras bandeiras do grupo, como a
rede Extra.
Lâmpadas Fluorescentes
Apesar
de economizar energia, as lâmpadas fluorescentes contêm metais pesados.
Enquanto estão intactas, elas não oferecem risco durante o manuseio. Contudo,
quando rompidas, liberam vapor de mercúrio, que é absorvido principalmente
pelos pulmões, causando intoxicação. Dependendo da temperatura do ambiente, o
vapor pode permanecer no ar por até três semanas. Por isso, é recomendável que
as lâmpadas sejam armazenadas em local seco, dentro das embalagens originais,
protegidas contra eventuais choques.
No
contato com lâmpadas quebradas, é necessário o uso de avental, luvas e botas
plásticas. Os cacos devem ser coletados com cuidado, para evitar ferimentos, e
colocados em embalagem lacrada.
No
Brasil, são usadas cerca de três lâmpadas fluorescentes por habitante a cada
ano. Isso significa que cerca de 80 milhões de lâmpadas fluorescentes são
descartadas no mesmo período, o que equivale a aproximadamente 1.600 kg de mercúrio.
As
lâmpadas fluorescentes devem ser separadas do lixo orgânico e dos materiais
tradicionalmente recicláveis, como vidro, papel e plásticos. Se o destino
dessas lâmpadas for o aterramento, o mercúrio se infiltrará no solo, atingindo
mananciais e a cadeia alimentar humana.
Pilhas e baterias
A
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) classifica como lixo perigoso
as pilhas e as baterias que apresentem, em suas composições, substâncias
tóxicas como mercúrio, chumbo e cádmio, pois podem contaminar o solo e a água,
além de, em contato com o homem, causar dano ao cérebro, rins e pulmões.
O
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que esses produtos sejam
entregues pelos usuários aos estabelecimentos que os comercializam.
O
Conama também estabeleceu limites nos níveis de metais para a fabricação,
importação e comercialização de pilhas e baterias. Por isso, os fabricantes
nacionais reduziram a carga poluente de alguns produtos, permitindo seu
descarte no lixo comum.
-
Não podem ser descartadas no lixo comum:
baterias com níquel cádmio utilizadas em celulares, telefones sem fio e outros
aparelhos com sistemas recarregáveis; baterias de chumbo ácido usadas em
algumas filmadoras de modelo antigo e em veículos; e pilhas de óxido de
mercúrio, usadas em instrumentos de navegação e aparelhos de instrumentação e
controle.
-
Podem ser descartadas no lixo comum:
pilhas secas (dos tipos zinco-manganês ou alcalina-manganês), utilizadas em
aparelhos como máquinas fotográficas, rádios, brinquedos, entre outros; e
pilhas e baterias portáteis (tipo lithium, lithium ion, zinco-ar, niquel metal,
hidreto, pilhas e baterias botão ou miniatura), encontradas em jogos,
brinquedos, ferramentas elétricas portáteis, informática, lanternas,
equipamentos fotográficos, rádios, aparelhos de som, relógios, agendas
eletrônicas, barbeadores, instrumentos de medição, de aferição e equipamentos
médicos.
Anualmente
são vendidas cerca de 800 milhões de baterias e pilhas no Brasil. Se um milhão
de consumidores conscientes derem a elas o tratamento de descarte adequado, 30
milhões de pilhas serão desviados dos lixões e aterros.
Medicamentos
Deixe
os remédios que estiverem fora de prazo em drogarias e farmácias (inclusive as
de manipulação), e entregue restos de medicamentos que ainda podem ser
utilizados nos Centros de Saúde. Esses locais estão obrigados a atender à
Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos
resíduos dos serviços de saúde
Óleo de cozinha
A
simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo
da pia também pode contribuir para diminuir o aquecimento global, pois sua
decomposição emite metano, um dos principais gases que causam o efeito estufa.
O
óleo deve ser acondicionado em sacos plásticos ou em uma garrafa PET e
encaminhado a empresas que o transformam em produto de limpeza ou biodiesel. O
material também pode ser levado para Organizações Não-Governamentais, que o
encaminham para as empresas.
Algumas
lojas do Pão de Açúcar na Região Metropolitana de São Paulo também passaram a
receber óleo de cozinha (a lista está disponível no site http://www.grupopaodeacucar.com.br/).
O
óleo também pode ser utilizado, pelo próprio consumidor, para se fazer sabão.
Confira a receita:
Ingredientes:
- 5 litros de óleo de cozinha usado
- 200 mililitros de amaciante
- 2 litros de água
- 1 quilo de soda cáustica em escama
Modo de preparo:
Com
cuidado, ponha a soda em escamas no fundo de um balde plástico. Depois,
adicione a água fervendo e mexa até diluir a soda. Acrescente o óleo e continue
mexendo. Misture bem o amaciante. Jogue a mistura em uma forma. No dia
seguinte, cortar as barras de sabão.
Consumo Consciente
Algumas
atitudes simples podem fazer a diferença no volume de lixo produzido. Além de
preservar o ambiente, mudar certos padrões de consumo também traz benefícios
para o seu bolso.
Eletrodomésticos e eletrônicos
Ao
substituir computadores, eletrodomésticos e celulares, lembre-se que
conhecidos, instituições de ensino, ONGs e bazares beneficentes podem se
beneficiar desse material.
Lixo orgânico
Se
você tem plantas em casa, transforme o lixo orgânico em adubo. Acomode o
resto de comida em um recipiente, revolva e umedeça o material e adicione
serragem ou folhas secas. O adubo é obtido após dois ou três meses. Se houver
cheiro desagradável por causa da decomposição, jogue cal, que corrige o
processo de acidificação. Caso você more em apartamento e por isso não tenha
espaço para colocar o recipiente, reúna-se com seus vizinhos e monte, com eles,
uma composteira na parte externa do prédio.
Papel
Prefira
usar papel reciclado. Cada brasileiro gasta, em média, duas árvores com o papel
que utiliza anualmente. Se esse papel fosse reutilizado ou enviado para
reciclagem, a cada ano, uma árvore e meia seria poupada. Também seriam
economizados 2.000
litros de água e 120 litros de petróleo.
Caso 10 milhões de brasileiros fizessem o mesmo, 15 milhões de árvores seriam
poupadas, além de uma quantidade de água suficiente para abastecer uma cidade
com 200 mil habitantes e 1,2 bilhão de litros de petróleo.
Tinta para impressão
Cada
cartucho de tinta requer o uso de cinco litros de petróleo em sua fabricação e
demora cerca de 50 anos para se degradar na natureza. Por isso, vale a pena
usar cartuchos reciclados.
Embalagens
Ao
comprar produtos não-perecíveis, dê preferência às embalagens maiores ou a
granel, assim como às linhas que contam com refil. E lembre-se que sempre é
possível fazer novo uso de embalagens PET e frascos de vidro, antes de
descartá-los.
No
futuro, os chamados bioplásticos plásticos obtidos a partir da
cana-de-açúcar e de outras substâncias de origem vegetal deverão substituir as embalagens existentes. Eles possuem a vantagem de
ser provenientes de fontes renováveis. Enquanto isso não ocorre, trocar os sacos
de plástico pelos de papel é uma opção.
Desodorante pessoal e de ambiente
O
mercado ainda fabrica alguns desodorantes em aerossol que emitem
clorofluorcarbono CFC um gás que
destrói a camada de ozônio (responsável pela filtragem de raios solares nocivos
à saúde, como o ultravioleta). Portanto, repare se o rótulo contém a frase sem CFC.
Detergente
Utilize
sempre produtos de limpeza biodegradáveis, ou seja, que podem ser destruídos
pelos microorganismos existentes na água. Ao adquirir produtos químicos,
verifique se a embalagem é reciclável e se o rótulo possui informações sobre a
composição química e o fabricante. Evite produtos com cloro, formaldeído e
solventes derivados de petróleo (tricloroetileno, metileno, benzeno,
nitro-benzeno etc), que podem poluir o solo, o ar e a água.
Grande
parte dos detergentes disponíveis no mercado também possui fosfatos em sua
formulação, substâncias que, ao atingir rios e lagos, levam ao crescimento
exagerado de algas que consomem o oxigênio da água. Aos poucos, os fosfatos vêm
sendo substituídos por carbonato e silicato de sódio, menos nocivos ao
ambiente.
Uma
alternativa ecológica ao detergente é usar o sabão em pedra dissolvido
previamente em água quente. O produto é atóxico, fabricado a partir de
matérias-primas renováveis (óleos e gorduras) e biodegradável.
Receita de detergente ecológico
Água sanitária
A
água sanitária é composta de cloro, substância que ameaça animais e
microorganismos presentes no solo e nos rios, onde é despejada. Procure trocar
o produto pelo vinagre (que ajuda a desengordurar) e bicarbonato de sódio. Se o
objetivo for branquear suas roupas, deixe-as ensaboadas com sabão de coco no
sol, ou coloque-as de molho na água com meio copo de bórax (substância atóxica
encontrada em farmácias).
Sabão em pó
Quanto
maior o efeito branqueador do sabão em pó, maior o dano à natureza. Também
possui fósforo em sua composição, para neutralizar o cálcio e o magnésio e
melhorar a sua eficiência. Prefira o sabão em pó de coco, ou as marcas que não
contêm fosfatos.
Desinfetante
A
maioria dos desinfetantes tem efeito tóxico para o meio ambiente. Você pode
fazer um produto natural para limpar seu banheiro.
Receita de desinfetante
Consultoria: Nélio Bizzo, mestre em biologia e doutor em educação,
professor da Faculdade de Educação da USP, Pesquisador do CNPq e autor de
livros e artigos científicos
Reportagem: Página 3 Pedagogia & Comunicação e UOL Ciência e Saúde
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